Eu, em frente a casa do Proust |
Em Paris ou Lisboa há gente interessante a cada esquina, a cada rua. No vaivém dos boulevares há sempre detalhes que ninguém mais vê e os turistas desconhem... Da casa onde morou Marcel Proust à escultura de Montaigne. Minúcias que surpreendem.
A escultura de bronze do Montaigne fica bem na frente da Sorbonne. Ele, o Montaigne, está sentado, de mãos cruzadas e com cara de feliz. E tão próximo da calçada que é um convite ao carinho... nos pés... O filósofo disse certa vez que havia entregue o seu coração a Paris desde a mais remota infância ( a frase acompanha a escultura ) mas as pessoas gostam mesmo é de seus pés..
um detalhe do sapatinho |
Pois é, Montaigne, em bronze, está com o sapatinho “encerado” pelas mãos de turistas e estudantes que não resistem e tocam o bico do sapato ao passar. Montagne tem os pés calçados à moda antiga, em modelo feminino e de salto alto. O close chama atenção. Afinal, o que seriam das esculturas se não recebessem o carinho despretencioso de alguém que passa?
um carinho, de leve |
Em Lisboa, o Pessoa também na calçada. Só que com ele a gente senta e conversa.... Ele está sempre disponível em frente ao Café Brasileira: e eu ficaria, se pudesse, um dia com ele,de mãos enlaçadas! pena que a fila dos turistas seja tão grande para uma simples foto como esta...
eu e ele... o Pessoa |
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer nao gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente.
E sem desassosegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria, E sempre iria ter ao mar."
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