22/02/2010

LENDO LOLITA EM TEERÃ

João Domingos

Mesmo sendo um leigo em política, religião, questões bélicas e corrida nuclear, é possível entender um pouco do que hoje é o Irã pela leitura do romance de base histórica Lendo Lolita em Teerã. Num texto sensível, a autora, a irianiana Azar Nafisi, de 57 anos, consegue passar ao leitor o que foi o Irã revolucionário após a queda do xá Reza Pahlevi, em 1979, a briga que se deu pelo poder entre os diversos grupos revolucionários, a completa vitória dos aiatolás, o que tirou do regime a esperança de liberdade e o transformou num instrumento de terror e a guerra com o Iraque.
Descendente de uma família que por 800 anos se destacou entre a intelectualidade persa, Azar Nafisi estudou na Inglaterra, Suíça e Estados Unidos. Nos EUA ela participou dos protestos contra a ajuda dos norte-americanos ao regime do xá. Com a queda de Reza Pahlevi, voltou a seu país para dar aulas de literatura inglesa na agitada e revolucionária Universidade de Teerã, pensando sempre no avanço da democracia, da garantia dos direitos individuais e, principalmente, na liberdade da mulher. Ocorreu tudo ao contrário. O regime se fechou, as mulheres passaram a ser reprimidas, obrigadas a usar o véu em público e a serem submetidas a testes de virgindade. Azar foi jogada para fora da universidade.
Para não enlouquecer, ela passou a dar aulas clandestinas em sua casa a sete alunas nas quais confiava. Leram e interpretaram Scott Fitzgerald, Henry James e Jane Austen, mas sobretudo Vladimir Nabokov, autor de Lolita. Num dos livros de Nabokov, o personagem principal, preso, é obrigado a dançar com o próprio carcereiro, e tem ordens para não sonhar, porque sonhar significa buscar a liberdade.
Nas suas leituras, as oito mulheres concluem que, como no romance Lolita, em que o quarentão Humbert estupra uma menina de 12 anos, a ditadura expõe os cidadãos à dor física e à tortura. Na interpretação delas, a tragédia maior não é o estupro, mas o confisco individual de uma vida por outra. Lolita não tem para onde ir, pois depende de Humbert para tudo. Ao mesmo tempo em que ele faz de tudo para possuí-la, tenta transformá-la em sua fantasia e seu amor, mas a destrói. Nas palavras da própria Azar: “Assim é a vida numa sociedade totalitária. Um mundo de solidão, em que o Estado é o salvador e o carrasco”.

João Domingos é repórter do jornal O Estado de s. Paulo

Etiquetas nos produtos para um planeta mais limpo

Além do preço, da validade do produto, da composição ( com ou sem glútem) o consumidor agora também terá direito a saber quanto de C02 (dióxido de carbono) foi emitido na atmosfera durante toda a produção e vida útil daquele produto.

A novidade já virou lei na França. A partir de 2011 os consumidores franceses serão informados sobre os quilos de dióxido de carbono emitido ao longo de ciclo de vida de cada produto comprado nas prateleiras dos supermercados. A rede Casino, de supermercados já tem produtos rotulados a partir da nova Lei. Chamadas de medidas concretas pelo planeta, a série de recomendações da nova Lei Ambiental francesa prevê a proibição a partir deste ano de lâmpadas que consomem mais energia, investimentos em linhas ferroviárias de grande velocidade, introdução do princípio do poluidor-pagador durante a coleta de lixo para incentivar a coleta seletiva junto aos consumidores e aplicação da norma de baixo consumo de água e energia em todos os novos empreendimentos imobiliários.